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    O céu (não) é o limite | Perigo do turismo espacial, água em Ganimedes e mais

    A Estação Espacial Internacional nos deu um susto essa semana! Um novo módulo russo foi lançado para ser acoplado à ISS, e tudo corria muito bem até que, no final dos procedimentos, os propulsores do módulo foram acionados acidentalmente. O sistema da estação corrigiu o problema e tudo terminou bem, menos para a Boeing, que se viu obrigada a adiar o lançamento do Starliner.

    Essa é apenas uma das notícias sobre astronomia e ciência que você confere abaixo, em nosso resumão semanal!

    Turismo espacial pode se tornar uma ameaça ao clima da Terra

     (Imagem: Reprodução/NASA)

    O setor de turismo espacial mal foi inaugurado e já apresenta riscos ao clima terrestre, de acordo com alguns cientistas. A preocupação é que esse mercado aumente a quantidade de lançamentos de foguetes, o que significa mais emissão de fuligens gerada pela queima de combustíveis. Em algumas décadas, isso poderia ser um grande problema para o planeta.

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    Entre as empresas pioneiras no turismo espacial estão a Virgin Galactic e a Blue Origin, que já fizeram seus voos de estreia, levando seus respectivos fundadores — os bilionários Richard Branson e Jeff Bezos — ao espaço. Mas pouco se sabe sobre o efeito da emissão de poluentes que as espaçonaves dessas empresas deixam na atmosfera, a uma altitude de 10 km até 50 km. São lugares onde normalmente não há emissões como essas, por isso os cientistas já estão em alerta aos possíveis problemas.

    Vapor d'água na atmosfera da lua Ganimedes, de Júpiter

    (Imagem: Reprodução/NASA, ESA, Lorenz Roth (KTH)

    O interior de Ganimedes, a maior lua de Júpiter, é um grande reservatório de água congelada. Disso os astrônomos já sabiam, mas dados do telescópio Hubble mostraram algo novo: vapor de água em sua atmosfera. Imagens de diferentes épocas mostram que esse vapor vem da sublimação do gelo, ou seja, da mudança do estado sólido para o gasoso.

    De acordo com a equipe que fez a descoberta, sublimação é causada pelo escape térmico do vapor vindo de regiões congeladas e levemente aquecidas. Afinal, a temperatura da lua varia bastante ao longo do dia, então provavelmente a região próxima do equador, ao receber luz solar, fica quente o suficiente para o gelo sublimar um pouco das moléculas de água. Eles deduziram isso ao analisar imagens em ultravioleta e encontrar apenas oxigênio molecular, que teria sido produzido por partículas carregadas que causaram erosão na superfície congelada.

    A imagem mais detalhada já feita da galáxia de Andrômeda em rádio

    (Imagem: Reprodução/S. Fatigoni et al)

    Astrônomos conseguiram uma imagem da nossa galáxia vizinha, Andrômeda, usando ondas de rádio na frequência de 6,6 GHz. Essa foi uma grande façanha, porque a emissão nessa frequência é muito fraca, mas ela permite observar características particulares da galáxia. Para isso, os pesquisadores levaram 66 horas mapeando o céu com o Radiotelescópio da Sardenha, de 64 metros de diâmetro.

    Graças a esta imagem, a equipe envolvida no estudo conseguiu estimar a taxa de formação de estrelas em Andrômeda e produzir um mapa detalhado. Ao combinar esta nova imagem com as capturadas antes, os pesquisadores esperam avançar na compreensão das emissões de ondas em 6,6 GHz em Andrômeda.

    Nova estação espacial chinesa já tem mais de mil experimentos aprovados

    (Imagem: Reprodução/Jin Liwang/Xinhua/eyevine)

    O primeiro módulo da Tiangong-3, a nova estação espacial chinesa, não só está funcionando "a todo vapor" , como também já recebe seus primeiros experimentos científicos. Na verdade, a divisão China Manned Space Agency (CMSA), da agência espacial da China, já aprovou mais de mil experimentos, e anunciou que o módulo está aberto para colaboração de outros países, incluindo os EUA.

    Desde 2011, os Estados Unidos são proibidos de colaborar com os chineses sem aprovação prévia da "máquina burocrática" estadunidense. Também há experimentos de 23 instituições de 17 países, um incentivo sem precedentes por parte da China. Com isso, os pesquisadores dessas nações poderão elaborar estudos, construir hardware, e levar à Tiangong-3. A maioria dos projetos já aprovados é liderada por pesquisadores chineses, mas vários deles têm colaboradores de outros países.

    Tipo raro de hipernova pode explicar elementos pesados presentes na Via Láctea

    (Imagem: Reprodução/NASA/Adolf Schaller)

    Cientistas encontraram sinais de um tipo raro de supernova que poderia ser uma das grandes responsáveis pela metalicidade no universo. Normalmente, estrelas muito antigas, criadas pouco depois do Big Bang, possuem baixa quantidade de elementos "metálicos" (na astronomia, isso significa qualquer coisa mais pesada que hidrogênio e hélio), mas um estudo mostrou uma estrela chamada SMSS J2003-1142 com teor de ferro cerca de 3 mil vezes menor do que o do Sol, mas com quantidades altas de nitrogênio, zinco, európio e urânio.

    A baixa quantidade de ferro significa que ela é quimicamente primitiva, mas os demais elementos pesados mostram que ela, definitivamente, tem alta metalicidade. Os cientistas quiseram saber como isso é possível, já que quando ela se formou, ainda não havia mecanismos no universo capazes de produzir tantos metais. Foi aí que entrou a estrela-mãe que deu origem à SMSS J2003-1142. Ela tinha rotação rápida e explodiu com energia cerca de dez vezes a de uma supernova "normal", e os cientistas chamara essa explosão extraordinária de hipernova magnetorotacional. Ela ocorreu menos de um bilhão de anos após o Big Bang.

    Este exoplaneta é o mais próximo já observado diretamente — até agora

    (Imagem: Reprodução/B. Bays/SOEST/UH)

    O planeta COCONUTS-2b, localizado a apenas 35 anos-luz da Terra, é agora o mais próximo já observado diretamente, além de ser o segundo mais frio. Normalmente, exoplanetas são detectados através do método de trânsito, que é quando ele passa em frente à sua estrela, diminuindo sutilmente o brilho dela. Mas este não foi o caso da nova descoberta — o exoplaneta foi encontrado através da observação em um telescópio.

    Ele orbita sua estrela COCONUTS-2 a uma distância estimada em 6,4 unidades astronômicas (uma unidade astronômica é equivalente à distância média entre a Terra e o Sol), ou seja, está bem longe dos raios estelares. Trata-se de um mundo massivo e frio; aliás, sua própria estrela é considerada "fria". Além disso, o planeta é bem jovem, com idade estimada em apenas 800 milhões de anos.

    Motores do novo módulo russo "entortaram" a ISS!

    (Imagem: Reprodução/NASA)

    A Estação Espacial Internacional sofreu um pequeno acidente, mas passa bem. É que na semana passada, a Rússia lançou o Nauka, o novo módulo que foi adicionado ao segmento russo da estação, mas três horas após finalizar a acoplagem, os propulsores dele foram acionados inesperadamente. Isso causou uma breve perda de controle da orientação da estação, mas tudo se resolveu e os astronautas não sofreram nenhum dano.

    No momento do incidente, o laboratório orbital ficou 45 graus inclinado em relação à orientação adequada, mas o sistema da estação logo detectou que os propulsores do Nauka estavam causando aquela anomalia, e acionou os motores do módulo Zvezda para compensar esse movimento inesperado. Embora tudo tenha se resolvido, o contratempo afetou os planos da Boeing, como veremos a seguir.

    Boeing adia lançamento do Starliner em cima da hora

    (Imagem: Reprodução/ULA)

    Pois é, após o acionamento acidental dos propulsores do módulo russo Nauka, os oficiais da NASA e da Boeing decidiram adiar o tão aguardado voo de teste da Starliner. Agora, a missão Orbital Flight Test 2 está agendada para o dia 3 de agosto, às 14h20 (horário de Brasília). Vale lembrar que desde 2019, após o lançamento sem tripulação que não conseguiu acoplar na ISS, a Boeing levou um bom tempo analisando as falhas encontradas no veículo e ainda não realizou o teste derradeiro. O Starliner deve se juntar à Crew Dragon, da SpaceX, para levar astronautas da NASA e outros países ao espaço.

    Leia também:

    Leia a matéria no Canaltech.

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    Daniele Cavalcante

    A Estação Espacial Internacional nos deu um susto essa semana! Um novo módulo russo foi lançado para ser acoplado à ISS, e tudo corria muito bem até que, no final dos procedimentos, os propulsores do módulo foram acionados acidentalmente. O sistema da estação corrigiu o problema e tudo terminou bem, menos para a Boeing, que se viu obrigada a adiar o lançamento do Starliner.

    Essa é apenas uma das notícias sobre astronomia e ciência que você confere abaixo, em nosso resumão semanal!

    Turismo espacial pode se tornar uma ameaça ao clima da Terra

     (Imagem: Reprodução/NASA)

    O setor de turismo espacial mal foi inaugurado e já apresenta riscos ao clima terrestre, de acordo com alguns cientistas. A preocupação é que esse mercado aumente a quantidade de lançamentos de foguetes, o que significa mais emissão de fuligens gerada pela queima de combustíveis. Em algumas décadas, isso poderia ser um grande problema para o planeta.

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    Entre as empresas pioneiras no turismo espacial estão a Virgin Galactic e a Blue Origin, que já fizeram seus voos de estreia, levando seus respectivos fundadores — os bilionários Richard Branson e Jeff Bezos — ao espaço. Mas pouco se sabe sobre o efeito da emissão de poluentes que as espaçonaves dessas empresas deixam na atmosfera, a uma altitude de 10 km até 50 km. São lugares onde normalmente não há emissões como essas, por isso os cientistas já estão em alerta aos possíveis problemas.

    Vapor d'água na atmosfera da lua Ganimedes, de Júpiter

    (Imagem: Reprodução/NASA, ESA, Lorenz Roth (KTH)

    O interior de Ganimedes, a maior lua de Júpiter, é um grande reservatório de água congelada. Disso os astrônomos já sabiam, mas dados do telescópio Hubble mostraram algo novo: vapor de água em sua atmosfera. Imagens de diferentes épocas mostram que esse vapor vem da sublimação do gelo, ou seja, da mudança do estado sólido para o gasoso.

    De acordo com a equipe que fez a descoberta, sublimação é causada pelo escape térmico do vapor vindo de regiões congeladas e levemente aquecidas. Afinal, a temperatura da lua varia bastante ao longo do dia, então provavelmente a região próxima do equador, ao receber luz solar, fica quente o suficiente para o gelo sublimar um pouco das moléculas de água. Eles deduziram isso ao analisar imagens em ultravioleta e encontrar apenas oxigênio molecular, que teria sido produzido por partículas carregadas que causaram erosão na superfície congelada.

    A imagem mais detalhada já feita da galáxia de Andrômeda em rádio

    (Imagem: Reprodução/S. Fatigoni et al)

    Astrônomos conseguiram uma imagem da nossa galáxia vizinha, Andrômeda, usando ondas de rádio na frequência de 6,6 GHz. Essa foi uma grande façanha, porque a emissão nessa frequência é muito fraca, mas ela permite observar características particulares da galáxia. Para isso, os pesquisadores levaram 66 horas mapeando o céu com o Radiotelescópio da Sardenha, de 64 metros de diâmetro.

    Graças a esta imagem, a equipe envolvida no estudo conseguiu estimar a taxa de formação de estrelas em Andrômeda e produzir um mapa detalhado. Ao combinar esta nova imagem com as capturadas antes, os pesquisadores esperam avançar na compreensão das emissões de ondas em 6,6 GHz em Andrômeda.

    Nova estação espacial chinesa já tem mais de mil experimentos aprovados

    (Imagem: Reprodução/Jin Liwang/Xinhua/eyevine)

    O primeiro módulo da Tiangong-3, a nova estação espacial chinesa, não só está funcionando "a todo vapor" , como também já recebe seus primeiros experimentos científicos. Na verdade, a divisão China Manned Space Agency (CMSA), da agência espacial da China, já aprovou mais de mil experimentos, e anunciou que o módulo está aberto para colaboração de outros países, incluindo os EUA.

    Desde 2011, os Estados Unidos são proibidos de colaborar com os chineses sem aprovação prévia da "máquina burocrática" estadunidense. Também há experimentos de 23 instituições de 17 países, um incentivo sem precedentes por parte da China. Com isso, os pesquisadores dessas nações poderão elaborar estudos, construir hardware, e levar à Tiangong-3. A maioria dos projetos já aprovados é liderada por pesquisadores chineses, mas vários deles têm colaboradores de outros países.

    Tipo raro de hipernova pode explicar elementos pesados presentes na Via Láctea

    (Imagem: Reprodução/NASA/Adolf Schaller)

    Cientistas encontraram sinais de um tipo raro de supernova que poderia ser uma das grandes responsáveis pela metalicidade no universo. Normalmente, estrelas muito antigas, criadas pouco depois do Big Bang, possuem baixa quantidade de elementos "metálicos" (na astronomia, isso significa qualquer coisa mais pesada que hidrogênio e hélio), mas um estudo mostrou uma estrela chamada SMSS J2003-1142 com teor de ferro cerca de 3 mil vezes menor do que o do Sol, mas com quantidades altas de nitrogênio, zinco, európio e urânio.

    A baixa quantidade de ferro significa que ela é quimicamente primitiva, mas os demais elementos pesados mostram que ela, definitivamente, tem alta metalicidade. Os cientistas quiseram saber como isso é possível, já que quando ela se formou, ainda não havia mecanismos no universo capazes de produzir tantos metais. Foi aí que entrou a estrela-mãe que deu origem à SMSS J2003-1142. Ela tinha rotação rápida e explodiu com energia cerca de dez vezes a de uma supernova "normal", e os cientistas chamara essa explosão extraordinária de hipernova magnetorotacional. Ela ocorreu menos de um bilhão de anos após o Big Bang.

    Este exoplaneta é o mais próximo já observado diretamente — até agora

    (Imagem: Reprodução/B. Bays/SOEST/UH)

    O planeta COCONUTS-2b, localizado a apenas 35 anos-luz da Terra, é agora o mais próximo já observado diretamente, além de ser o segundo mais frio. Normalmente, exoplanetas são detectados através do método de trânsito, que é quando ele passa em frente à sua estrela, diminuindo sutilmente o brilho dela. Mas este não foi o caso da nova descoberta — o exoplaneta foi encontrado através da observação em um telescópio.

    Ele orbita sua estrela COCONUTS-2 a uma distância estimada em 6,4 unidades astronômicas (uma unidade astronômica é equivalente à distância média entre a Terra e o Sol), ou seja, está bem longe dos raios estelares. Trata-se de um mundo massivo e frio; aliás, sua própria estrela é considerada "fria". Além disso, o planeta é bem jovem, com idade estimada em apenas 800 milhões de anos.

    Motores do novo módulo russo "entortaram" a ISS!

    (Imagem: Reprodução/NASA)

    A Estação Espacial Internacional sofreu um pequeno acidente, mas passa bem. É que na semana passada, a Rússia lançou o Nauka, o novo módulo que foi adicionado ao segmento russo da estação, mas três horas após finalizar a acoplagem, os propulsores dele foram acionados inesperadamente. Isso causou uma breve perda de controle da orientação da estação, mas tudo se resolveu e os astronautas não sofreram nenhum dano.

    No momento do incidente, o laboratório orbital ficou 45 graus inclinado em relação à orientação adequada, mas o sistema da estação logo detectou que os propulsores do Nauka estavam causando aquela anomalia, e acionou os motores do módulo Zvezda para compensar esse movimento inesperado. Embora tudo tenha se resolvido, o contratempo afetou os planos da Boeing, como veremos a seguir.

    Boeing adia lançamento do Starliner em cima da hora

    (Imagem: Reprodução/ULA)

    Pois é, após o acionamento acidental dos propulsores do módulo russo Nauka, os oficiais da NASA e da Boeing decidiram adiar o tão aguardado voo de teste da Starliner. Agora, a missão Orbital Flight Test 2 está agendada para o dia 3 de agosto, às 14h20 (horário de Brasília). Vale lembrar que desde 2019, após o lançamento sem tripulação que não conseguiu acoplar na ISS, a Boeing levou um bom tempo analisando as falhas encontradas no veículo e ainda não realizou o teste derradeiro. O Starliner deve se juntar à Crew Dragon, da SpaceX, para levar astronautas da NASA e outros países ao espaço.

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