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    Como era o Saara antes de se tornar o maior deserto quente do planeta?

    A Terra é um lugar muito antigo. Com cerca de 4,5 bilhões de anos, ela foi palco de profundas mudanças em sua superfície. Se uma pessoa viajasse para um momento bem distante do passado, encontraria um cenário bem diferente do atual. Entre esses transformações, está a formação do Saara, o maior deserto quente do planeta — mais de 9 milhões de quilômetros quadrados — que há 11.000 anos abrigou lagos, rios, pastagens e, inclusive, florestas. O que transformou esse lugar verde e úmido em uma das regiões mais secas do mundo?

    É importante destacar que mensurar com exatidão o que provocou esta profunda mudança é um desafio de quebra-cabeça, pois tudo no planeta está intimamente ligado. Embora não exista um consenso científico sobre a real transformação do que hoje é o Deserto do Saara, algumas evidências científicas fornecem algumas peças que remontam parte do passado distante desta região.

    Mudança no eixo da Terra

    Os principais estudos sobre a formação do Saara, apontam a alteração do eixo da Terra como um dos principais fatores de seu surgimento. Muitos cientistas concordam que entre 5 a 11 mil anos, o Período Úmido Africano chegou ao seu fim, um período climático na África ocorrido no final do Pleistoceno e do Holoceno.

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    Saloum Delta National Park, localizado no Senegal (Imagem: Reprodução/Saloum Delta National Park)

    Até então, o norte africano era úmido e possuía uma vegetação bem parecida com a atual região do Senegal. Fósseis de animais que já não fazem parte da região, como crocodilos, elefantes e hipopótamos reforçam o passado úmido do Saara. Além disso, nos raros e isolados corpos de água ainda encontrados por lá, possuem espécies de peixes que só seriam explicados pela presença de vias aquáticas, ou seja, rios.

    A alteração cíclica do eixo da Terra, a qual ocorre a cada 20 mil anos, provocou um aumento na quantidade rais solares incidindo sobre a região. Algumas pesquisas, no entanto, sugerem que o Saara teria mudado de verde para desértico rapidamente — questão de séculos — por conta da mudança do eixo terrestre, que afetou profundamente o clima global.

    Ainda, alguns estudos indicam que o Saara se formou há apenas 2,7 mil anos através de uma mudança bem mais lenta. Inclusive, amostras coletadas no lago Yoa, localizado ao norte da República do Chade, forneceram pistas para construir parte da história geológica local, indicando que um processo gradual de desertificação perdura até hoje.

    Ação humana

    Apenas a alteração na órbita da Terra não seria suficiente para explicar a profunda mudança na região do Saara. Em um estudo publicado em 2017 na revista Frontiers in Earth Science, o arqueólogo David Wright, da University of Oslo, analisou uma série de dados arqueológicos e ambientais.

    (Imagem: Reprodução/Unsplash/Chris Khani)

    Os núcleos de sedimentos e registros de pólen datados do mesmo período indicavam uma padrão: qualquer lugar que tivesse o registro de presença humana apresentava mudanças correspondentes na variedade de plantas. Nos períodos finais do verde Saara, os humanos perambularam pela região e, com seu gado, modificaram parte da vegetação restante.

    Outra consequência da presença humana na região, foi o aumento do albedo — uma espécie de poeira que flutua pela atmosfera —, conhecido como um dos fatores que explicam a aridez do Saara. A ação humana, nessa escala, não teria sido suficiente para ruir toda vegetação restante local, mas pode ter intensificado o ponto de inflexão, desencadeando de vez o fim do período úmido.

    O Saara será verde outra vez?

    Com ou sem humanos, inevitavelmente o Saara se transformaria no grande deserto quente que ele é hoje. Graças a alteração cíclica do eixo da Terra, de tempos em tempos algumas configurações na superfície do planeta se repetem. Um exemplo disso são as várias eras glaciais  pelas quais este mundo atravessou.

    (Imagem: Reprodução/Pixabay/Wikilmages)

    O Saara mesmo não foi verde há apenas 11 mil anos, mas a região passou por um período úmido cerca de 125 mil anos atrás e, mesmo sem qualquer interferência humana, nada impediu que a paisagem se transformasse por completo. Portanto, é de se esperar que em alguns milhares de anos, o maior deserto quente do mundo volte a abrigar rios, lagos e florestas.

    No entanto, as projeções para este futuro precisam considerar o grande impacto humano que extrapolam qualquer variação natural do clima, pois o Saara não se explicava apenas pela alteração do eixo da Terra, mas uma série de fatores. A atual crise climática já é o resultado de um desequilíbrio. De todo modo, fica um lembrete de que nada no universo permanece para sempre.

    Leia a matéria no Canaltech.

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    Wyllian Torres

    A Terra é um lugar muito antigo. Com cerca de 4,5 bilhões de anos, ela foi palco de profundas mudanças em sua superfície. Se uma pessoa viajasse para um momento bem distante do passado, encontraria um cenário bem diferente do atual. Entre esses transformações, está a formação do Saara, o maior deserto quente do planeta — mais de 9 milhões de quilômetros quadrados — que há 11.000 anos abrigou lagos, rios, pastagens e, inclusive, florestas. O que transformou esse lugar verde e úmido em uma das regiões mais secas do mundo?

    É importante destacar que mensurar com exatidão o que provocou esta profunda mudança é um desafio de quebra-cabeça, pois tudo no planeta está intimamente ligado. Embora não exista um consenso científico sobre a real transformação do que hoje é o Deserto do Saara, algumas evidências científicas fornecem algumas peças que remontam parte do passado distante desta região.

    Mudança no eixo da Terra

    Os principais estudos sobre a formação do Saara, apontam a alteração do eixo da Terra como um dos principais fatores de seu surgimento. Muitos cientistas concordam que entre 5 a 11 mil anos, o Período Úmido Africano chegou ao seu fim, um período climático na África ocorrido no final do Pleistoceno e do Holoceno.

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    Saloum Delta National Park, localizado no Senegal (Imagem: Reprodução/Saloum Delta National Park)

    Até então, o norte africano era úmido e possuía uma vegetação bem parecida com a atual região do Senegal. Fósseis de animais que já não fazem parte da região, como crocodilos, elefantes e hipopótamos reforçam o passado úmido do Saara. Além disso, nos raros e isolados corpos de água ainda encontrados por lá, possuem espécies de peixes que só seriam explicados pela presença de vias aquáticas, ou seja, rios.

    A alteração cíclica do eixo da Terra, a qual ocorre a cada 20 mil anos, provocou um aumento na quantidade rais solares incidindo sobre a região. Algumas pesquisas, no entanto, sugerem que o Saara teria mudado de verde para desértico rapidamente — questão de séculos — por conta da mudança do eixo terrestre, que afetou profundamente o clima global.

    Ainda, alguns estudos indicam que o Saara se formou há apenas 2,7 mil anos através de uma mudança bem mais lenta. Inclusive, amostras coletadas no lago Yoa, localizado ao norte da República do Chade, forneceram pistas para construir parte da história geológica local, indicando que um processo gradual de desertificação perdura até hoje.

    Ação humana

    Apenas a alteração na órbita da Terra não seria suficiente para explicar a profunda mudança na região do Saara. Em um estudo publicado em 2017 na revista Frontiers in Earth Science, o arqueólogo David Wright, da University of Oslo, analisou uma série de dados arqueológicos e ambientais.

    (Imagem: Reprodução/Unsplash/Chris Khani)

    Os núcleos de sedimentos e registros de pólen datados do mesmo período indicavam uma padrão: qualquer lugar que tivesse o registro de presença humana apresentava mudanças correspondentes na variedade de plantas. Nos períodos finais do verde Saara, os humanos perambularam pela região e, com seu gado, modificaram parte da vegetação restante.

    Outra consequência da presença humana na região, foi o aumento do albedo — uma espécie de poeira que flutua pela atmosfera —, conhecido como um dos fatores que explicam a aridez do Saara. A ação humana, nessa escala, não teria sido suficiente para ruir toda vegetação restante local, mas pode ter intensificado o ponto de inflexão, desencadeando de vez o fim do período úmido.

    O Saara será verde outra vez?

    Com ou sem humanos, inevitavelmente o Saara se transformaria no grande deserto quente que ele é hoje. Graças a alteração cíclica do eixo da Terra, de tempos em tempos algumas configurações na superfície do planeta se repetem. Um exemplo disso são as várias eras glaciais  pelas quais este mundo atravessou.

    (Imagem: Reprodução/Pixabay/Wikilmages)

    O Saara mesmo não foi verde há apenas 11 mil anos, mas a região passou por um período úmido cerca de 125 mil anos atrás e, mesmo sem qualquer interferência humana, nada impediu que a paisagem se transformasse por completo. Portanto, é de se esperar que em alguns milhares de anos, o maior deserto quente do mundo volte a abrigar rios, lagos e florestas.

    No entanto, as projeções para este futuro precisam considerar o grande impacto humano que extrapolam qualquer variação natural do clima, pois o Saara não se explicava apenas pela alteração do eixo da Terra, mas uma série de fatores. A atual crise climática já é o resultado de um desequilíbrio. De todo modo, fica um lembrete de que nada no universo permanece para sempre.

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